Charroque Web3

Posted on May 26, 2023Read on Mirror.xyz

Casa do Corpo Santo

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GPS 38.52469721019051, -8.887989531632519

Casa do Corpo Santo (Museu do Barroco)

Arquitectura palaciana com capela de 1714 (palácio primitivo do século XVII) com Arquitecto desconhecido. Painéis de azulejos com assinatura “P.M.P.”, provavelmente do Mestre Padre Manuel Pereira.

Encomendado pela Confraria dos navegantes, armadores e pescadores de Setúbal. Esta Confraria existe desde o século XIV (com Livro de Compromissos de 1340) e é também chamada Confraria do Corpo Santo, nome pelo qual era conhecido Santo Elmo ou S. Pedro Gonçalves, orago da Confraria e santo protector dos náufragos.

O palácio da família Cabedo data dos séculos XVII/XVIII e foi construído em estruturas já existentes no século XVI, conforme recentes escavações arqueológicas o mostraram. Esta casa, anexada ao Palácio Cabedo, fazia parte deste e foi oferecida, pela família, à Confraria para aí se instalar a Confraria do Corpo Santo. Após o desaparecimento desta confraria (no século XIX), o edifício alojou outras associações marítimas, como a Sociedade Setubalense de Pescaria Franciscana e o Monte-Pio da Corporação Marítima da Casa do Corpo Santo.A Casa do Corpo Santo é tutelada pela Câmara Municipal de Setúbal, funciona como Museu do Barroco e tem ali instalada uma exposição de instrumentos de ciência náutica.

O palácio da família Cabedo, dos séculos XVII/XVIII, no qual a Casa do Corpo Santo se anexa, é um belíssimo exemplar da arquitectura civil portuguesa.A entrada para a Casa do Corpo Santo é feita por um pátio, com paredes revestidas a azulejos azul-cobalto que acompanham a parede da escadaria de acesso ao primeiro piso. No início das escadas, uma figura de convite, pintada sobre azulejos, recebe os visitantes.Na entrada, existem duas salas com paredes revestidas com painéis de azulejos azul-cobalto, representando cenas de caça, aristocráticas e do quotidiano. Ambas as salas têm tectos pintados. Na sala de entrada ou Sala do Vestíbulo, encontra-se um tecto pintado sobre madeira, com uma nau ao centro, símbolo das actividades da Confraria. Na sala seguinte, ou Sala do Despacho, o tecto pintado a têmpera mostra imagens de Santelmo.Na sala de entrada, existe uma pequena Capela totalmente forrada a talha dourada e com as paredes revestidas de azulejos, retratando a vida de Santelmo ou Santo Elmo.

Trata-se de um edifício exemplar do Barroco, com as paredes revestidas a azulejos azul-cobalto, provavelmente de autoria de Mestre P.M.P.O piso de tijoleira alterna com azulejos de figura avulsa, complementado com tectos ricamente pintados. A pequena capela está totalmente revestida de talha dourada, com bustos-relicários incrustados nas paredes, numa admirável solução de aproveitamento do espaço.

Na porta de entrada para o pátio está gravada a data de 1714. Confirmou-se a existência do palácio original quinhentista mediante informação recolhida em escavações arqueológicas.

Pátio com escadaria para o primeiro piso

O pátio, com escadas para o primeiro piso, cria um espaço de entrada requintado, decorado com azulejos figurativos. Uma figura de convite surge no início do percurso das escadarias, continuando a decoração em azulejos com elementos arquitectónicos, putti e vasos com flores.

Figura de Convite

Figura de Convite pintada a azul-cobalto sobre azulejo branco. A personagem usa um traje típico do início do século XVIII, não tem armas e adopta uma postura de convite, com o chapéu na mão. Provavelmente, a personagem representa um porteiro ao serviço da confraria.

Cenas de caça

Painel de azulejos representando uma caçada aristocrática do início do século XVIII, com elegantes senhoras e cavalheiros a montar cavalos, provavelmente da raça Lusitana. Este painel faz parte do conjunto de painéis da sala de entrada, todos com cenas de caçadas aristocráticas. A moldura do painel, com elementos arquitectónicos e decorativos, é típica da azulejaria barroca.

Assinatura no painel de azulejos do Mestre “P.M.P.”

A assinatura P.M.P. é provavelmente a assinatura de Padre Manuel Pereira. Clérigo e arquitecto amador (desenhou o palácio da família de Tristão da Cunha, no século XVIII), foi um prolífico pintor de azulejos. O Padre Manuel Pereira foi patrono de muitas oficinas de Lisboa e tinha vários discípulos que produziam azulejos para palácios e igrejas em todo o território de Portugal e no Brasil.

Tectos pintados e Capela

A sala de entrada está ornamentada com um tecto pintado sobre madeira, decorado com motivos florais. Ao centro, uma nau portuguesa invoca Santelmo, o santo padroeiro da Confraria. Na segunda sala, o tecto pintado a têmpera mostra imagens de Santelmo, entre motivos florais.Na capela, completamente forrada a talha dourada, ao “Estilo Nacional”, sobressaem os bustos-relicários incrustados nas paredes, os painéis de azulejos com cenas da vida de Santelmo e o pavimento de tijoleira com aplicação de azulejos de motivos florais.